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Jornadas promovem a cidadania e denunciam malefícios da interioridade

23 Maio 2016
O país regista “assimetrias profundas e dramáticas” e é necessário “travar essa trajetória verdadeiramente insustentável”, alertou Helena Freitas, a coordenadora nacional da Unidade de Missão para a Valorização do Interior, no discurso de abertura das “VI Jornadas Cidadania em Ação” promovidas pela Câmara de Moimenta da Beira esta quinta e sexta-feira, 19 e 20 de maio, no auditório municipal Padre Bento da Guia, no centro da vila.

A responsável, que fez pela primeira vez na região a apresentação pública da estrutura nacional que coordena, defendeu que o combate para acabar ou suavizar aquelas assimetrias pode passar pela ‘construção’ de um novo mapa. "Portugal ganha mais quando se perceciona muito para além da sua fronteira”, esclareceu, adiantando que “esta perceção tem de entrar na nossa forma de nos organizarmos. O mapa de Portugal, a nossa identidade nacional, não acaba na fronteira de Portugal. Temos uma diáspora portuguesa no mundo inteiro e é essa perceção que temos de passar a ter, de que somos cidadãos da Península Ibérica".

Já antes, na sessão de abertura, o secretário de estado das Autarquia Locais, Carlos Miguel, defendera também outro desígnio: o da descentralização do país e o do reforço de competências das câmaras municipais e juntas de freguesias “de forma a servir melhor as pessoas e os territórios”.

"Os municípios já têm muitas competências delegadas que funcionam plenamente e as câmaras municipais podem e devem ter mais competências do que as que já tem", alegou o governante que, porém, aludiu aos muitos entraves que a descentralização pretendida tem pela frente. “A vontade, contudo, é bastante, assim tenhamos os meios”, disse, adiantando que “um programa de descentralização como este obrigará a ter uma nova Lei das Finanças Locais, que carregue os meios financeiros necessários para que as câmaras, administração local e regional, consigam fazer essas tarefas de forma mais eficaz", concluiu.

Para o presidente da autarquia, José Eduardo Ferreira, o desenvolvimento dos territórios do interior “acontece se forem dados os mesmos instrumentos e criadas as mesmas condições de que dispõem as regiões do litoral. “Temos muito, mas falta-nos muito. Uns têm estradas e outros caminhos, não pode ser”, alertou o autarca, sublinhando a importância da construção do IC26 “uma via rodoviária estruturante que nos ligará à Europa e nos trará progresso”.

O programa das jornadas, que se debruçou sobre a promoção de medidas de coesão territorial e de desenvolvimento do interior e o envelhecimento ativo com qualidade e a igualdade de género, e ainda sobre o combate à violência, juntou um conjunto de oradores de excelência que abordaram temáticas diversas.

Na manhã do primeiro dia, João Cotta, Presidente do Conselho Empresarial da Região de Viseu falou das “Dinâmicas do território e desenvolvimento das regiões”; e António Rafael Amaro, docente da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, da “Coesão territorial e governança territorial: o papel do Estado e dos atores regionais e locais”.

À tarde, Nídia Menezes, diretora do Ciclo de Estudos da Licenciatura em Serviço Social da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego, e Katy Aguiar, diretora Técnica e Gestora da Qualidade da ACREDITA –IPSS, falaram do “Apoio Domiciliário e qualidade: da Teoria para a Prática”. Lia Araújo, docente na Escola Superior de Viseu e Investigadora na UNIFAI (ICBAS.UP), abordou os “Desafios da longevidade: vidas mais longas, saudáveis e com sentido”. Irene Higgs, presidente do Grupo de Interesse em Envelhecimento da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas, falou de “Facilitar o Envelhecimento”. E, por fim, Juliana Monteiro, da PsicoSoma, da “Estimulação Cognitiva em Pessoas com Demência - boas práticas e dicas”.

Na manhã de sexta-feira, último dia das jornadas, Rosa Monteiro, investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Profª. Auxiliar do Instituto Superior Miguel Torga, e perita e consultora em igualdade de género, falou das “Políticas Municipais para a Igualdade”; Amélia Carneiro, Coordenadora do Projeto Direitos & Desafios, das “Experiências Municipais na Igualdade de Género – Boas Práticas da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira”; Ana Paula Marques, diretora de Núcleo de Intervenção Social - Unidade de Desenvolvimento Social e Programas - ISS, I. P. Centro Distrital de Viseu, debruçou-se sobre as “Estratégias de Intervenção na Violência de Género”; Ana Carvalho, do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica (NAVVD), falou da “Violência de Género no Distrito de Viseu”.

Um sublinhado para os três moderadores Amadeu Araújo, Diamantino Duarte e Cristina Requeijo, e para as duas atuações, nos dois dias das jornadas, da “Artuna”, tuna dos utentes da Artenave, sob a batuta do maestro Abel Rodrigues da Silva.

Uma referência especial também para a mostra de serviços, projetos sociais e produtos das instituições do concelho que esteve exposta à entrada do auditório e que poderá ser apreciada agora no átrio dos Paços do Concelho de Moimenta da Beira.
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