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Afonso Ribeiro, escritor neorrealista, nasceu há 112 anos em Vila da Rua, Moimenta da Beira

06 Janeiro 2023

Celebra-se este sábado, 7 de janeiro, o 112º aniversário de nascimento do escritor Afonso Ribeiro, natural de Vila da Rua, concelho de Moimenta da Beira, autor pioneiro do movimento neorrealista, cuja obra está a ser reeditada pela Autarquia, muito justamente! Na sua terra natal pode ser visitado o espaço homónimo, dedicado à vida e obra do escritor. "É um dos nossos maiores vultos literários e relembrá-lo é reconhecer a sua obra", testemunha o Presidente da Câmara Municipal, Paulo Figueiredo.

Sempre preocupado com os mais frágeis, em especial com os homens do campo, explorados pelos donos das terras, Afonso Ribeiro proclamava a necessidade de olhar para o mundo rural com outros olhos: “Mundo muito mal feito. Uns com tudo e outros sem nada. Homens trabalhando para outros homens, como servos. Será sempre assim? (…) A terra é de quem a trabalha, os campos eram de quem os cultivava”, escreveu em Ilusão na morte, livro de 1938.

Foi professor primário, com muitas dificuldades materiais, mas afirmou-se pelo seu talento e coragem. Contrário ao regime político e ideológico vigente, toda a vida sofreu as consequências da sua atitude e irreverência, tendo sido várias vezes preso, sujeito a buscas domiciliárias, alvo de apreensão das suas obras, proibido de exercer o magistério, constantemente perseguido pela PIDE. Emigrou para o Brasil, depois para Moçambique, onde conseguiu restabelecer contactos com diferentes escritores neorrealistas onde divulgaram trabalhos em publicações locais.

Ao regressar a Portugal, Afonso Ribeiro continuou a escrever e a publicar as suas obras, colaborando sempre com os jornais Diabo e Sol Nascente e, na revista Vértice. Poderá considerar-se que o autor conhecia as desigualdades sociais, as carências das classes desfavorecidas, a escravidão e suas dificuldades, mas foram estas certezas e a visão sobre o homem do campo que o levou a inspirar-se nas suas prosas e traduzir uma mensagem de liberdade e esperança de um futuro propício.

Em vida publicou 14 livros, entre contos, romances e dramaturgia: “Ilusão na Morte” (1938), “Plano Inclinado” (1941), “Aldeia” (1943), “Trampolim” (1944), “Escada de Serviço” (1946), “Maria” (trilogia, 1946, 56, 59), “Povo” (1947), “Da Vida dos Homens” (1963), “O Pão da Vida” (2º romance da trilogia “Maria”- 1956), “O Caminho da Agonia” (3º romance da trilogia “Maria” – 1959), “Três Setas Apontadas ao Futuro” (teatro – 1959), “Os Comedores de Fomes” (1983), “África Colonial” (1983)” e “A Árvore e os Frutos” (1986).”

Afonso Ribeiro faleceu em Cascais, no dia 13 de dezembro de 1993.