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Adelaide fez 100 anos de vida

19 Outubro 2012

Tem a sabedoria de uma vida sem fim e um jeito altivo mas nobre, tal como o cabelo, alvo e comprido, tal como o nome, afidalgado, distinto: Adelaide Carlota.

Fez 100 anos de vida. Celebrou-os em Castelo, uma aldeia de Moimenta da Beira, no dia 25 de Outubro.

Já passou por duas Grandes Guerras e pelas suas consequências, duras e difíceis; pela crise de 1929, pela Guerra Civil espanhola, por Salazar, pela fome e pelo regime livre saído do 25 de Abril de 1974.

Nasceu pobre, viveu dificuldades, teve uma vida de trabalho, de canseiras, muitas canseiras, mas digna, sempre alegre e feliz. E continua viva, apesar de tudo, com decência e honra.

Adelaide já tem quebras de memória, uma surdez que não ajuda e uma mobilidade muito reduzida. “Já não é o que era e a idade não perdoa”, justifica Esmeralda, uma das filhas originária de uma prole imensa de cinco filhos, 14 netos e 21 bisnetos. “E vêm aí mais”, diz Cacilda, outra das filhas.

Às vezes, em conversa, Adelaide parece ganhar vida e as memórias disparam. “Nasci em Lisboa em 1912. Não tive pai nem mãe, foi a minha avó ‘velhota’ que me criou e me fez mulher”, diz sem pausas, sem quebras.

E amiúde, quando desafiada, ainda trauteia canções que aprendeu na meninice. Sabe de cor as letras e a música sai-lhe cadenciada e com ritmo. Aos 100 anos, é obra!

Ficou viúva há 31 anos e, sempre que pode, passa o tempo no centro de Dia da Obra Kolping, uma instituição de solidariedade da aldeia sempre de portas abertas.